Ora cá vai disto (1)
Bem, não esperava uma resposta assim, da GK.
Fez-me trazer isto:
“Foi andando sem saber ao certo até onde queria ir, absorto em pensamentos que o remetiam para Lisboa (...). Tinha pensado dar a volta pela estrada de cima e regressar à cidade a horas de almoço, mas, quando chegou à colina sobre a praia, não pôde evitar deter-se à vista daquela paisagem deslumbrante. (...)
Sentou-se a uns dez metros da água, descalçou as botas e acendeu uma cigarrilha com os fósforos que levava no bolso da camisa. (...) Fechou os olhos àquele sol que o cegava e sentiu a pele da cara retesar-se com o calor. (...) Então, despiu-se e entrou na água, (...). Ia levantar-se, quando a voz dela, muito calma e muito próxima, o deixou estarrecido:
- Que bela imagem! (...)
Ann estava sentada a dez passos, exactamente onde ele deixara as suas roupas (...).
(...)
Ela desatou a rir, como uma menina que tivesse acabado de fazer uma asneira, e ele não pôde impedir-se de soltar também uma gargalhada pela confissão dela.
(...)
- Vai-me passar a roupa? – perguntou ele, aguardando a resposta ansiosamente.
- Pelo contrário: diga-me, como é que está a água?
- A água? Está óptima, está quente.
Sentada na areia, ela tirou as botas de montar, com algum esforço e praguejando entre dentes. Depois, pôs-se de pé e desabotoou um por um todos os botões da camisa e despiu-a, atirando-a para o lado e mostrando o curto corpete que lhe segurava o peito. (...) Quando acabou de se despir por completo e ficou nua, começando a caminhar para a água, Luís Bernardo já não conseguiu continuar aquela devassa muda do corpo dela. Estava a olhar para a cara de Ann e para o seu olhar (...).
Luís Bernardo levantou-se finalmente da água, recebeu-a de pé, corpo contra corpo, sentindo o peito dela que se encostava e espalmava na lisura do seu, as coxas que se fundiam nas suas, a boca que, sôfrega, mergulhava na dele, ficou assim por uns instantes, como que entranhado no corpo dela (...). Emergiram da água de joelhos na areia, Luís Bernardo puxou-a contra si, voltou a procurar a boca dela, que agora tinha um gosto a sal e mel misturados, sentiu a textura da sua língua que percorria a dele sem pudor algum e a fúria com que se lhe entregava começou a fazer-lhe a cabeça andar à roda. Então, desvairado de desejo, mergulhou a cabeça no seu peito e começou a chupar-lhe os mamilos, enquanto com as mãos continuava a devassar-lhe o peito, ora segurando cada um como se quisesse medir-lhe o peso e a consistência, ora esborrachando-os nas mãos espalmadas. Mas Ann não ficou quieta, não fechou os olhos, nem gemeu, nem atirou a cabeça para trás, seduzida e vencida. (...) Luís Bernardo puxou-a para fora de água, dobrou-a pela cintura junto à areia molhada e fê-la cair de costas no chão. (...)
Esmagavam-se, um contra o outro, como animais no cio, entregues pelo mar à areia da praia, para que consumissem o desejo. (...)
(...)
A mão dela voltou a procurar-lhe o sexo, segurou-o com força, descolou-o da sua própria barriga e, arqueando ligeiramente o corpo, abriu as pernas e encaminhou-o para dentro de si. Então ele entregou-se sem mais pensamentos, começou a entrar nela devagar, contendo-se, mas sentiu-a molhada, de uma espuma espessa que não era só de mar, e, com um suspiro quase inaudível, entrou fundo nela, tão fundo que sentiu a terra girar sobre a sua cabeça, sentiu que a areia do chão tremia como o corpo dela (...).
(...)”
Equador, Miguel Sousa Tavares
Enquanto romance, dos que mais gostei.
Estas passagens, muito bem conseguidas!
SoNosCredita
Fez-me trazer isto:
“Foi andando sem saber ao certo até onde queria ir, absorto em pensamentos que o remetiam para Lisboa (...). Tinha pensado dar a volta pela estrada de cima e regressar à cidade a horas de almoço, mas, quando chegou à colina sobre a praia, não pôde evitar deter-se à vista daquela paisagem deslumbrante. (...)
Sentou-se a uns dez metros da água, descalçou as botas e acendeu uma cigarrilha com os fósforos que levava no bolso da camisa. (...) Fechou os olhos àquele sol que o cegava e sentiu a pele da cara retesar-se com o calor. (...) Então, despiu-se e entrou na água, (...). Ia levantar-se, quando a voz dela, muito calma e muito próxima, o deixou estarrecido:
- Que bela imagem! (...)
Ann estava sentada a dez passos, exactamente onde ele deixara as suas roupas (...).
(...)
Ela desatou a rir, como uma menina que tivesse acabado de fazer uma asneira, e ele não pôde impedir-se de soltar também uma gargalhada pela confissão dela.
(...)
- Vai-me passar a roupa? – perguntou ele, aguardando a resposta ansiosamente.
- Pelo contrário: diga-me, como é que está a água?
- A água? Está óptima, está quente.
Sentada na areia, ela tirou as botas de montar, com algum esforço e praguejando entre dentes. Depois, pôs-se de pé e desabotoou um por um todos os botões da camisa e despiu-a, atirando-a para o lado e mostrando o curto corpete que lhe segurava o peito. (...) Quando acabou de se despir por completo e ficou nua, começando a caminhar para a água, Luís Bernardo já não conseguiu continuar aquela devassa muda do corpo dela. Estava a olhar para a cara de Ann e para o seu olhar (...).
Luís Bernardo levantou-se finalmente da água, recebeu-a de pé, corpo contra corpo, sentindo o peito dela que se encostava e espalmava na lisura do seu, as coxas que se fundiam nas suas, a boca que, sôfrega, mergulhava na dele, ficou assim por uns instantes, como que entranhado no corpo dela (...). Emergiram da água de joelhos na areia, Luís Bernardo puxou-a contra si, voltou a procurar a boca dela, que agora tinha um gosto a sal e mel misturados, sentiu a textura da sua língua que percorria a dele sem pudor algum e a fúria com que se lhe entregava começou a fazer-lhe a cabeça andar à roda. Então, desvairado de desejo, mergulhou a cabeça no seu peito e começou a chupar-lhe os mamilos, enquanto com as mãos continuava a devassar-lhe o peito, ora segurando cada um como se quisesse medir-lhe o peso e a consistência, ora esborrachando-os nas mãos espalmadas. Mas Ann não ficou quieta, não fechou os olhos, nem gemeu, nem atirou a cabeça para trás, seduzida e vencida. (...) Luís Bernardo puxou-a para fora de água, dobrou-a pela cintura junto à areia molhada e fê-la cair de costas no chão. (...)
Esmagavam-se, um contra o outro, como animais no cio, entregues pelo mar à areia da praia, para que consumissem o desejo. (...)
(...)
A mão dela voltou a procurar-lhe o sexo, segurou-o com força, descolou-o da sua própria barriga e, arqueando ligeiramente o corpo, abriu as pernas e encaminhou-o para dentro de si. Então ele entregou-se sem mais pensamentos, começou a entrar nela devagar, contendo-se, mas sentiu-a molhada, de uma espuma espessa que não era só de mar, e, com um suspiro quase inaudível, entrou fundo nela, tão fundo que sentiu a terra girar sobre a sua cabeça, sentiu que a areia do chão tremia como o corpo dela (...).
(...)”
Equador, Miguel Sousa Tavares
Enquanto romance, dos que mais gostei.
Estas passagens, muito bem conseguidas!
SoNosCredita
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